Pequeno Príncipe capacita hospitais brasileiros para o uso racional de antibióticos durante pandemia
Fonte: Hospital Pequeno Príncipe
Data de publicação: 7 de agosto de 2020
Entre as instituições beneficiadas com o projeto está o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), o maior hospital da América Latina
O maior hospital pediátrico do Brasil está levando a outras quatro instituições de saúde brasileiras seu modelo de gerenciamento de antimicrobianos. Graças aos resultados positivos obtidos pelo projeto conhecido como Stewardship de Antimicrobianos, o Pequeno Príncipe está contribuindo para a reduzir a resistência aos antibióticos no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (São Paulo/SP), Hospital Universitário de Sergipe (Aracaju/SE), Hospital Ministro Costa Cavalcanti (Foz do Iguaçu/PR) e Hospital do Trabalhador (Curitiba/PR).
Fatores como o uso excessivo dos medicamentos, prescrições equivocadas, doses inadequadas e poucas ações de controle são alguns dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento da resistência ao medicamento, que representa um grande desafio para as instituições de saúde. Um estudo de 2014, realizado pelo macroeconomista inglês Jim O’Neill, estimou que, se nada for feito, no ano de 2050, aproximadamente 10 milhões de pessoas irão morrer por questões atribuídas à perda de efeito dos antimicrobianos. E a expectativa de estudiosos desse assunto é que este cenário possa vir a se agravar com a atual pandemia do coronavírus (COVID-19).
Atualmente, em grande parte dos hospitais, o gerenciamento do medicamento fica sob a responsabilidade do médico, que, na maioria dos cenários, não consegue o tempo suficiente para se dedicar a esse processo. Considerando todas as novas demandas geradas nos hospitais para a maioria dos infectologistas devido à pandemia, atender ao apelo para controle dos antimicrobianos ficou ainda mais desafiador.
No modelo de gerenciamento desenvolvido pelo Pequeno Príncipe, a ideia central é desenvolver a expertise do farmacêutico clínico para auxiliar o médico no controle desses medicamentos, transformando-o em seu principal aliado no combate à resistência a esses fármacos. Nessa proposta de atuação, o farmacêutico clínico é responsável por toda a articulação com os demais integrantes da equipe de assistência, como médico infectologista, microbiologista e equipe de enfermagem.
Um dos principais resultados no Pequeno Príncipe foi a redução de dias de uso de antibióticos. Em 2019, por exemplo, o uso de um determinado antibiótico teve seu tempo de uso reduzido em 690 dias. No ano, os farmacêuticos clínicos fizeram cerca de 4 mil intervenções nos atendimentos e, destas, 63% estavam relacionadas à farmacoterapia, como adequação e acerto de dosagem, exames laboratoriais e uso desnecessário do medicamento.
“Por meio desta iniciativa, o Pequeno Príncipe oferece para a comunidade da saúde a sua experiência de mais de dez anos em controle de antimicrobianos. Nosso modelo encontra-se maduro o bastante para ser compartilhado com parceiros que enfrentam este grande desafio de combate ao avanço da resistência aos antimicrobianos”, explica o médico pediatra coordenador do projeto, Fábio Motta.
A cooperação entre os hospitais conta com subsídio financeiro da companhia farmacêutica Pfizer, por meio de uma linha que apoia projetos independentes de melhoria de qualidade hospitalar. Farmacêuticos clínicos das instituições participantes começaram a ser capacitados em março. Entre as atividades que já estão sendo realizadas, estão a construção de protocolos, acompanhamento da implantação das ações por videoconferência, reuniões científicas semanais para discussão dos casos clínicos, seleção e alinhamento de indicadores e construção da epidemiologia local dos problemas relacionados a antimicrobianos.
A diretora executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro, ressalta que um dos princípios da instituição é a disseminação do conhecimento. “Este projeto é um exemplo de como a integração entre a assistência, o ensino e a pesquisa geram conhecimento capaz de impactar diretamente na sociedade, contribuindo para modelos de gestão mais sustentáveis e responsáveis com o futuro da saúde”, afirma.