Vendas de medicamentos sobem 16% no primeiro trimestre
Data de publicação: 16 de abril de 2014
As vendas das farmacêuticas no Brasil cresceram 15,8% no primeiro trimestre, alcançando R$ 14,8 bilhões. No período foram vendidos 724,3 milhões de medicamentos, o que representou uma alta de 9,6% ante o mesmo período do ano passado.
Segundo dados da consultoria IMS Health antecipados com exclusividade ao Valor PRO, o serviço em tempo real do Valor, o mês de março foi o de melhor resultado no trimestre, quando a indústria vendeu R$ 5,2 bilhões. "O nível de emprego e renda da população brasileira não caiu e isso ajuda muito o setor. Ainda temos classes sociais que não compravam remédios e agora começam a comprar", diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo.
Para ele, o resultado é fruto também de lançamentos de produtos de maior valor agregado, ou de inovação, no ano passado. "As vendas de muitos medicamentos passam a maturar neste ano", afirma Mussolini.
O levantamento mostra que o maior crescimento da receita nos três primeiros meses do ano se deu no segmento dos genéricos, que continua puxando o desempenho da indústria. As empresas fabricantes de genéricos venderam R$ 3,6 bilhões no período, alta anual de 21%. Foram 202 milhões de unidades comercializadas destes medicamentos, o que representou um avanço de 28%. A receita com os remédios de marca, por sua vez, cresceu 17%, enquanto as vendas dos produtos de referência avançaram 11%.
Os resultados do segmento de genéricos também podem ser explicados pelos lançamentos de produtos de maior valor agregado. Isso porque o segmento acompanha o fim das patentes dos produtos de inovação, que têm se voltado para tratamentos mais caros nos últimos anos. "Há uma maior participação dos medicamentos focados em classes de doenças mais complexas, uma gama de produtos mais caros, em um primeiro momento, até que entrem muitos outros genéricos competindo", explica Mussolini.
Vale lembrar que os valores da receita fornecidos pelo IMS Health são brutos, o que significa que não consideram os descontos concedidos no varejo, fator que influencia principalmente os resultados dos genéricos, cujo preço máximo oferecido à farmácia é 65% do preço do remédio de referência. Deste modo, se fossem considerados os preços no ponto de venda, provavelmente a receita com genéricos seria menor.
Para Telma Salles, presidente da PróGenéricos, a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, é fator fundamental para o crescimento dos genéricos o maior acesso da população aos medicamentos e a maior oferta dos produtos: os genéricos cobrem hoje 95% das patologias elencadas pelo Ministério da Saúde como as que mais acometem a população brasileira. Dados da PróGenéricos com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que existem 436 moléculas de genéricos disponíveis no mercado, com 21.151 apresentações. Em fevereiro de 2008, o mercado tinha 331 moléculas, com 13.002 apresentações.
"Com o aumento do portfólio de genéricos, as marcas dos fabricantes têm cada vez mais se consolidado no mercado", explica a executiva. Segundo o IMS Health, o grupo EMS, do empresário Carlos Sanchez, continua líder no ranking dos maiores produtores de genéricos do país, seguido da Medley (da francesa Sanofi) e da Neo Química (da Hypermarcas). No ranking geral, o maior laboratório do país em receita é também o grupo EMS, seguido da Neo Química e do Aché.
O IMS Health mostra que, em março, a participação dos genéricos nas vendas totais do setor ficou em 25%, enquanto os medicamentos de marca representaram 45% dos resultados, e os de referência, 30%. Para Telma, diante do bom desempenho, os genéricos devem encerrar este ano com participação de 30%.
Apesar de a indústria farmacêutica ter crescido na comparação anual, na comparação com o quarto trimestre de 2013, os resultados recuaram. Como revela o levantamento, em valores, as vendas caíram 2,3%, enquanto em unidades, perderam 1,9%. "Esta é uma variação normal do mercado, pois o último trimestre do ano é mais forte naturalmente", explica Mussolini. O executivo prevê que as vendas das farmacêuticas devem crescer entre 10% e 12% neste ano. No ano passado, o setor registrou receita de R$ 57,6 bilhões, alta de 16%.